Resenha: Estilhaça-me, Tahereh Mafi

Por Elaine Moreira

Conhece X-Men?
Eu conheço e adoro, era viciada nos desenhos que passavam (e repetiam e eu nem me importava) no SBT ao meio dia. Falo no passado porque agora não consigo mais acompanhar… Masss o fato é, que quando eu comprei o primeiro volume da saga Estilhaça-me eu não sabia que a personagem principal era inspirada na Vampira, a minha X favorita (junto com o Wolverine e a X23). Resumo da ópera: Amei o livro!

Estilhaça-me, Tahereh Mafi

Juliette nunca se sentiu como uma pessoa normal. Nunca foi como as outras meninas de sua idade. O motivo: ela não podia tocar ninguém. Seu toque era capaz de ferir e até matar.
Durante anos, Juliette feriu e, segundo seus pais, arruinou o que estava à sua volta com um simples toque, o que a levou a ser presa numa cela.
Todo dia era escuro e igual para Juliette até a chegada de um companheiro de cela, Adam. Dentro do cubículo escuro, Juliette não tinha notícias do mundo lá fora. Adam ia atualizando-a de tudo.
Juliette não entendeu bem o que estava acontecendo quando foi retirada daquela cela e supostamente libertada, ao lado de Adam, e se vê em uma encruzilhada, com a possibilidade de retomar sua vida, mas por caminhos tortuosos e totalmente desconhecidos.
Edição: 2
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788563219909
Ano: 2014
Páginas: 304
Tradutor: Robson Falchetti Peixoto

 Mas voltemos, pois se esse não foi o motivo da compra, o que foi então?
Olha. Nem eu sei.
Acho que foi o fato desse livro ter estado na livraria por tanto tempo esperando, esperando e eu ter um fraco por livros abandonados nas livrarias.

A capa, meio prateada, com uma moça de face misteriosa e vestido branco não é lá muito atrativa. Parece desses livrinhos bobinhos água com açúcar. Nada contra os livros bobinhos água com açúcar (eu os adoro tb) mas esse livro é muito mais!
E eu fico pensando que teria perdido todo esse universo incrível que a Tahereh Mafi criou para a Juliette simplesmente por não estar procurando um livro bobinho água com açúcar naquele momento.

Mas o fato é que graças ao meu instinto protetor com relação aos livros eu o escolhi (ou ele me escolheu) e eu o levei para casa.
Desde as primeiras páginas eu percebi que aquele livro tinha algo de diferente. Algo desafiador, inovador.

Juliette é uma adolescente diferente. Tem uma pele mortal, que “suga” a vida de quem a toca. Por isso foi abandonada pelos pais, trancada em um manicômio e acumula traumas.
Até que um dia… Um garoto é colocado na mesma cela que ela.
Nesse momento começam as batalhas internas de Juliette e a inovação na narrativa de Tahereh. Juliette pensa e “edita” seus pensamentos. É como se estivéssemos acompanhando alguém com dupla personalidade. Mas não. Trata-se apenas de alguém que já foi tão machucado que não pode confiar nem nos próprios pensamentos. E isso é lindo! E doloroso.

Um processo em que cada palavra foi escolhida para mostrar o terror e o desconforto de Juliete, pois o que ela mais teme é a sí mesma. O que pode fazer, o que não pode controlar.
Tão bonito quanto isso, ainda são as descrições de Juliette sobre suas novas sensações e descobertas, pois quando é retirada de sua cela, ela divide-se entre curiosidade e medo das novas sensações, gostos, toques.
Um futuro pós-apocalíptico, distópico com várias referências à Segunda Guerra Mundial, em que é óbvio, a querem usar como arma.

Romance, drama e uma narrativa fantástica se misturam nessa história, que mostra a essência do ser humano. Ora cruel e egoísta, ora protetor e capaz de sacrifícios indizíveis.
Juliette não quer ser um objeto. Não quer mais ser usada. E acima de tudo, não quer ferir!

Uma saga pouco conhecida e que começa de forma magistral.
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Elaine Moreira

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