Cinema e Café: Pegando Fogo

Marina Landert

Pegando Fogo (2015)

Ficha técnica
Diretor: John Wells
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Omar Sy, Daniel Bruhl, Mathew Rhys, Uma Thurman e Emma Thompson.
Sinopse: O chef Adam Jones (Bradley Cooper) conquistou tudo que um profissional de cozinha gostaria, mas seu envolvimento com drogas e álcool o fez perder tudo. Três anos depois ele segue rumo a Londres para retomar seu prestígio e sua carreira.

Olá pessoal, tudo bem?
No Cinema & Café de hoje trago um filme que estava na minha lista para assistir há algum tempo, mas que por diversos motivos fiquei procrastinando e acabei assistindo só agora, Pegando Fogo (2015), com Bradley Cooper, Sienna Miller e Daniel Bruhl.

À primeira vista Pegando Fogo por seu título em português dá a impressão de uma comédia, talvez um filme agitado, que remetesse ao título em português. Na verdade, essa percepção pode ser um pouco enganosa e é causada em casos um tanto quanto comuns aqui no Brasil quando a tradução não é inteiramente correta. O título original Burnt traduzido literalmente significa queimado, no sentido da reputação de uma pessoa que tem sua imagem desgastada, que aí sim tem toda conexão com o enredo do filme que conta a história do chef Adam Jones, que alcançou o auge de sua carreira em um restaurante em Paris, mas após seu envolvimento com álcool e drogas coloca tudo a perder, tanto para si mesmo, como para seus amigos mais próximos. Três anos depois, o chef se recupera de seus vícios e tenta retomar seu sucesso com a ousada meta de alcançar a terceira estrela Michelin (referência na gastronomia), agora em um restaurante em Londres. Para isso, contará com a ajuda de velhos amigos e terá que encarar os erros cometidos no passado.

Como mencionei, tinha uma certa expectativa quanto ao filme, pois além de tratar de um assunto que gosto bastante – a gastronomia – escutei muitas críticas positivas de pessoas próximas. Como o próprio título deixa transparecer imaginava uma comédia, algo mais leve. No entanto, minha surpresa foi um tanto quanto grande após assisti-lo. Pegando Fogo utiliza uma premissa muito utilizada em Hollywood, a de pessoas que cometem sérios erros no passado e tentam repará-los. No entanto, apesar de um argumento muito abordado, o filme difere-se das obras do gênero ao trazer pouquíssimos flashbacks, muito para não perder tempo da trama e opta por inserir o passado sendo contado pelos personagens. 

 

  Bradley Cooper, após sua atuação dramática em O lado bom da vida (2012) e Sniper Americano (2014) flerta novamente com o gênero que parece estar confortável e interpreta o chef Adam Jones que estragou sua vida e dos mais próximos e agora tenta recuperar seu prestígio abrindo um restaurante em Londres com a ajuda financeira do pai de seu amigo e com o auxílio de ex-colegas de profissão, os quais suas atitudes no passado deixaram mágoas. Principal aliado de Adam, o chefe de restaurante Tony (Daniel Bruhl), um dos mais prejudicados pelos erros do chef retorna após certa insistência e até certo ponto é a peça chave para o equilíbrio do restaurante, apesar de certa ambiguidade e sentimentos que o personagem nutre. 
 
Na nova cozinha, Adam também traz a talentosa chef Helene (Sienna Miller, que retoma parceria de Sniper Americano com Bradley Cooper), que em certo ponto é um interesse romântico do personagem, por mais que sua função seja mais ligada ao reestabelecimento do chef do que o romance propriamente dito. Quem também traz um bom contraponto para trama é Matthew Rhys (mais conhecido como o Kevin da finada série Brothers & Sisters) como Reece, mais um prejudicado pelos erros de Adam e que agora assume a posição de seu rival. 
 
O que mais gostei de Pegando Fogo é o fato de que Adam Jones não é colocado no pedestal após sua recuperação. Apesar de reparar alguns erros e vícios o personagem ainda se mostra muito difícil de relacionar, temperamental e obcecado por seus objetivos. Sua mudança está mais ligada ao fato da quebra de um processo autodestrutivo do que uma modificação total, idealizada como vemos em muitas obras. Apesar de “herói” do filme, o personagem não é muito agradável, muitas vezes é difícil simpatizar com sua rigidez e obstinação exagerada, é cheio de defeitos, com arrependimentos e angústias, que dão o tom dramático ideal para o filme, que em minha opinião é um de seus maiores acertos. Até seu desafeto Reece que em tese cumpriria um papel mais próximo do vilão, nada mais é que uma pessoa que não consegue perdoar os erros de Adam, mas que entende que como competição, sua existência é vital. Importante enaltecer também a pequena participação de grandes nomes como Emma Thompson e Uma Thurman, que trazem certa leveza e fazem um contraponto ao tom dramático do filme. 

  No lado negativo, o filme tem algumas tramas que sobram, não sendo muito bem desenvolvidas e desnecessárias para a obra, como antigos desafetos do chef que resolvem acertar as contas e a antiga namorada Anne Marie. O diretor John Wells até que tentou resolver o problema do excesso de detalhes que não acrescentam muito – por exemplo, Jamie Dornan também participou do filme como o ex-marido de Helen, mas suas cenas foram cortadas –, no entanto, ainda pecou um pouco com múltiplas tramas. 
  Pegando Fogo é um bom filme, que retrata de forma honesta uma área muitas vezes romantizada e idealizada por Hollywood e que aqui acredito que esteja mais próxima da realidade. Com um bom elenco, o filme mostra personagens reais que enfrentam angústias e frustrações, mas que encontram um no outro o apoio para seguir em frente. 
 
Bom filme e até a próxima! Trailer:
-> Siga o Blog nas redes sociais e fique mais pertinho da gente ? Facebook – Instagram – Twitter – YouTube – Baixe o Aplicativo para celular In The Sky

Marina Landert

Marina Landert, ou Mari, como preferir. Jornalista viciada em uma boa história e que não vive sem um bom livro na bolsa. Apaixonada por filmes, séries, música e por viajar. - See more at: http://intheskyblog.blogspot.com.br/p/sobre.