Crônicas&Desabafos: Entrevista da vez!

22 agosto 2012


Inteligente, bonita, competente. São algumas das qualidades de Brisa Verena Zeine, paulista de Vera Cruz que se formou em Cinema e TV no Paraná, adora um bom desafio e começou sua saga de premiações. Depois de vencer o Mapa Cultural Paulista com o curta “Papel e Caneta: Reflexos”, ela agora concorre ao Curta Santos (http://www.curtasantos.com.br/Noticias.aspx?id=83#ancora) com o vídeo “Marilista” na categoria “Mostra Novos Olhares”. Abaixo, uma entrevista rapida com ela, feita logo após a noticia que seu vídeo fora selecionado.

Laís: Bom, eu te conheço desde...
Brisa: Desde neném!

L: Desde o útero das mães, porque elas ficaram grávidas praticamente na mesma época. (...) Você morou quatro anos em Curitiba. Eu fui uma vez te visitar e foi interessante. Eu sei que a gente conversava e tudo, mas como era pra você morar lá sozinha?
B: Olha, pra mim morar em Curitiba foi a fase, até hoje, nos meus 23 anos de vida, a fase mais importante da minha vida toda, porque foi o momento que eu mais cresci, se eu não tivesse ido pra Curitiba eu não teria crescido tanto, me conhecido tanto. Morar lá me moldou, né, foi como se eu tivesse sido pega por um daqueles ferreiros que ficam batendo na gente, assim, porque Curitiba me moldou bastante. Foi um lugar onde eu vivi de tudo, muita coisa boa e muita coisa ruim, por isso eu cresci tanto, porque aprendi lidar com cada dificuldade que só Deus sabe. Dificuldade com pessoas difíceis, com situações difíceis, aprender a não desistir quando a gente tem um sonho, porque eu tive chances de voltar de monte, mas eu batalhei e fiquei até terminar o curso porque é um curso que eu amava fazer e sabia que um dia eu ia ter sucesso. O maior sucesso é quando a gente gosta do que faz e admira o próprio trabalho. E, então, Curitiba pra mim foi muito especial, é um lugar que desde que eu tive vontade de ir pra lá eu sabia era pra ser, porque quando eu prestei o vestibular, só prestei lá, em nenhum outro lugar.


L: Você foi com a certeza de passar.
B: Eu prestei sabendo que eu ia! Sentia no meu coração. (...) Eu não tinha dúvida de curso, não tinha duvida de lugar, todo mundo sabe que eu estudava pra caramba, então eu tinha chance de passar em qualquer outra faculdade, mas eu não quis, porque eu queria ir pra Curitiba, até falei isso pra minha mãe! Então eu fui pra Curitiba com a certeza de que algo ia acontecer na minha vida. Tanto é que até hoje não consigo arredar o pé de lá, tô com o pé amarrado lá (o namorado da Brisa mora em Curitiba). Então, a melhor fase da minha vida foi minha faculdade, até hoje, foi a mais especial em todos os sentidos. As amizades que eu tinha se fortaleceram, novos laços foram construídos sobre aqueles, foi muito importante na minha vida. Até hoje parece que ainda tô fazendo faculdade (risos)

L: Quando você chegou e falou “Quero fazer Cinema”, as pessoas não acreditavam muito. Mas mesmo assim, você não desistiu.
B: Não desisti, porque eu decidi que ia fazer Cinema no 2º colegial. Antes eu queria muito fazer Arqueologia, mas aí eu conheci Cinema e disse “Nossa, vou fazer!”. Aí eu descobri que tinha faculdades públicas de Cinema e uma delas era em Curitiba, e aí eu vi que era só de Artes e pirei! Quando eu comuniquei meus pais, minha mãe, até hoje ela diz que quando eu tô triste, ela vira pra mim e fala “Eu quero que você guarde aquele brilho que você tinha no olhar quando você disse pra mim, na cozinha, que ia fazer Cinema. Seu olho brilhou de um jeito que, a hora que eu vi, eu sabia que você ia conseguir fazer tudo o que queria no Cinema, por mais difícil que fosse, por isso eu te apoiei”.

L: Você tem várias produçõezinhas independentes, e uma delas está concorrendo a um prêmio atualmente. “Marilista”, fale um pouco dela pra gente.
B:Marilista” é um filme que eu fiz nesse ano de 2012 porque eu tava sentindo muita necessidade de fazer um filme. Eu tava sentindo necessidade de me expressar, me expressar no sentido de conversar comigo através de um filme. E surgiu um concurso aqui na cidade de Marília sobre um filme que falasse da cidade. Eu gostei porque me deu esse lance de fazer um filme que conversasse com a cidade, me deu essa ideia. Eu queria expressar o momento que eu tava passando. Estava me sentindo muito sozinha, e eu sentia que eu conversava com tudo, menos com as pessoas. Eu conversava comigo mesma, conversava com a TV, conversava com os ônibus, conversava com os carros enquanto eu andava, mas todas as vezes que eu conversava com as pessoas, as palavras não me diziam nada com nada do que eu precisava ouvir. Então, às vezes eu só chegava e um abraço dizia muito mais do que eu precisava ouvir. Quando eu precisava conversar, eu conversava com as coisas imateriais. Aí eu fiz um filme sobre isso, peguei meu irmão de personagem e coloquei ele pra falar o que eu queria dizer, que é falara sobre uma pessoa que vive dentro do seu mundo, e nesse mundo ele encontra dificuldade pra conversar com pessoas que são importantes pra ele, e por isso ele conversa com a cidade, e nas pessoas ele busca o carinho, porque é melhor um gesto de carinho do que ouvir coisas que não vão te ajudar, entendeu?

L: É aquela de “um gesto vale mais do que mil palavras”.
B: Vale mais. Aí esse filme trata disso. “Marilista” porque pra mim, as coisas mais importantes são as pequenas coisas, e o movimento minimalista é o movimento que trata das pequenas coisas, onde as pequenas coisas, os pequenos acordes, as menores coisas dizem mais coisas. Marilista se apega às pequenas coisas de Marília pra conseguir viver dia após dia. Por que Marília? Porque eu moro aqui, sempre morei aqui, trabalho em Marília, então eu vivia muito com a cidade, não com as pessoas, mas com tudo o que tem em Marília. E eu tava me comunicando muito com isso, chorando minhas tristezas pro passarinho que estava no chão, chorando minhas tristezas pra cadeira, e quando eu ia chorar as tristezas pras pessoas, não era bem recebida do jeito que eu queria. E no final do filme, vem a parte do poema de Marilia de Dirceu, que fala da cidade, da comunicação com a cidade, no qual ele fala pra cidade o quanto ela importa pra ele. No poema é pra uma mulher, mas eu transferi para a cidade. E é mais ou menos isso, a ideia do filme, é mais uma expressão autoral do que qualquer outra coisa, um filme experimental.

L: Quando você viu a noticia na internet que seu filme tinha sido selecionado para o Curta Santos, se você pudesse definir o sentimento em uma palavra, qual seria?
B: Gratificação. Me sinto grata porque, quando eu fiz o filme, não imaginei que ele fosse ser selecionado. Me sinto como se a vida devolvesse pra mim uma coisa boa que eu tentei fazer por ela. Me sinto grata por Deus ter me dado essa felicidade, é esse meu sentimento.

“Filme é uma coisa que, quando tem que ser feito, ele é feito. (...) A pessoa tem o seu tempo pra fazer o seu filme, pra ter a sua ideia, não adianta fazer as coisas correndo. Filme que vem de dentro, ele tem que sair de você, você tem que contar isso pras pessoas.”

Então, o que acham? Se quiserem conhecer mais da Brisa, é só acessar sua página no
Facebook http://www.facebook.com/brisaverena ou:
YouTube http://www.youtube.com/user/Ycul2 Aí vocês

4 comentários :

  1. Brisa Verena22 agosto, 2012

    Ah, a entrevista ficou ótima!
    Mais uma vez obrigada a minha amiga/prima/irmã Laís por ser esta pessoa tão especial, e por realizar esta entrevista comigo!
    E todos estão convidados a torcer por "Marilista" durante o festival, e durantes os outros que virão também, se Deus quiser!
    Grandes beijos <3

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  2. adoro essas entrevistas, conhecer pessoas novas e talz... acho muito legal
    e fiquei encantada por ela morar aqui do meu ladinho ;o

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  3. Yohanna Elizabeth22 agosto, 2012

    Ótima entrevista!
    Achei muito legal a história dela. Acredito que quando a pessoa decide algo do fundo do coração, que ela nota que realmente quer aquilo da vida, tudo conspira para que dê certo.

    beijos :)

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  4. Helana Ohara23 agosto, 2012

    Brisa, adorei suas respeitas, foram simples e inteligentes ao mesmo tempo, gosto disso.
    Sucesso pra você ♥

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