Cinema&Café: Mesmo se Nada der Certo {Begin Again}

Por : Marina Landert 

Mesmo se Nada der Certo (Begin Again – 2013)

Ficha técnica
Diretor: John Carney
Escrito por: John Carney
Elenco: Mark Ruffalo, Keira Knightley, Adam Levine, James Corden, Hailee Steinfeld, Catherine Keener
Sinopse: O filme conta a história de Gretta (Keira Knightley), uma cantora e compositora independente em Nova York, que após ser abandonada pelo namorado conhece um produtor musical fracassado que propõe uma parceria de sucesso.

Olá gente, tudo bem? Dia desses mexendo no Netflix me deparei com Mesmo Se Nada Der Certo, um filme mais antigo, de 2013, que não teve muita atenção aqui no Brasil em seu lançamento, mas trata-se de uma adorável obra que merece atenção, e aborda um dos temas que eu mais gosto, música.  

Mesmo Se Nada Der Certo, que falando bem a verdade é um título um tanto clichê, assim como o original Begin Again, conta a história de um produtor musical com problemas em sua carreira, em seu casamento e em seu relacionamento com a filha e que encontra na cantora e compositora independente Gretta (Keira Knightley) – que também sofre pelo término de seu relacionamento – uma oportunidade de retomar o sucesso na profissão, na vida pessoal e encontrar o que foi perdido no meio do caminho. Ainda como cenário secundário, temos interessantes personagens igualmente sem sucesso na vida como o talentoso músico Steve (James Corden), que acaba tocando nas ruas em trocas de moedas, a ex-mulher Miriam (Catherine Keener), que apostou em um romance que não deu certo e a filha Violet (Hailee Steinfeld) que não faz sucesso com os garotos.

A narrativa do filme já chama a atenção desde o início, uma vez que a história começa pelo encontro entre Gretta, Steve e Dan em um bar onde pessoas podem subir ao palco e cantar suas músicas, só que contado de acordo com a perspectiva de cada personagem – da cantora indie que não quer subir ao palco, do músico desajustado e do produtor visionário. Além de repetir por três vezes a cena de acordo com as diferentes visões, acompanhamos também logo de início os acontecimentos da vida de Dan e Gretta que os levaram àquele determinado momento – o fracasso da carreira de produtor de Dan e o término do longo relacionamento de Gretta com o famoso músico Dave, que a troca pela fama.

É a partir desse inusitado encontro entre Dan (Mark Ruffalo) e Gretta (Keira Knightley) que surge uma bonita parceria entre os personagens para gravar o disco da cantora sem os padrões pregados pela indústria musical, com gravações ao ar livre nos mais diferentes cenários de Nova York e com a ajuda de diferentes músicos e amigos.

O grande acerto do diretor John Carney, que trocou a Europa de Apenas Uma Vez (2007) pelas ruas e o tom folk e cool de Nova York em Mesmo Se Nada der Certo é abordar personagens reais, com problemas e fracassos. Tais personagens não são colocados em pedestais, como heróis ou atrás de dinheiro e sucesso mundial, mas sim apenas satisfação pessoal. Diferentemente das principais comédias românticas de Hollywood, aqui não existem necessariamente vilões e mocinhos, que enfrentam milhões de desafios e barreiras para conquistarem seus objetivos finais de modo irreal. Em Mesmo Se Nada der Certo, ao mostrar os defeitos e qualidades de seus personagens, assim como seus erros e acertos e as pequenas transformações do dia a dia que ocorrem em busca da própria felicidade, o diretor consegue sensibilizar e aproximar o público de seus personagens.

Outro ponto positivo do filme é a clara crítica à indústria musical e aos seus padrões estabelecidos. Logo no início o personagem Dan fala para Gretta que o problema dela é o seu visual e recebe de volta o questionamento de que música é para ser ouvida e não vista. Em outra cena, também vemos uma discussão de Gretta com a gravadora sobre os lucros a partir dos trabalhos dos artistas. Curioso que o filme também conta com a estreia de Adam Levine, vocalista do Maroon 5 no cinema (já havia feito American Horror Story em 2012), como uma espécie de caricato dele mesmo, como o ex namorado de Gretta, o cantor Dave, que a troca pela fama e tem o intuito de transformar as músicas em hits para tocar em estádios.

O filme também encanta com cenas divertidas das gravações do álbum, que muitas vezes parecem beirar certa improvisação, muito bem-vinda nesse caso, com uma ótima trilha sonora – indicada ao Oscar (Lost Stars) – e um elenco que mescla atores consagrados e alguns mais desconhecidos de Hollywood. O enquadramento utilizado em muitas cenas em Nova York e no decorrer do filme também contribui com esse visual de certo improviso, atribuindo por vezes uma sensação de um filme independente.

Assim, Mesmo Se Nada der Certo é um adorável e agradável filme que acerta principalmente nos seus personagens e suas relações, mostrando pequenas transformações e mudanças em busca da satisfação pessoal e não de um padrão de sucesso, saindo um pouco de situações e finais clichês das principais comédias românticas hollywoodianas.

• Para quem gosta do gênero musical em filmes indico Alta Fidelidade (2000) – ótmo filme, The Wonders, o sonho não acabou (1996) – um clássico do gênero e Quase Famosos (2000) – um de meus preferidos.

Até a próxima!
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Marina Landert

Marina Landert, ou Mari, como preferir. Jornalista viciada em uma boa história e que não vive sem um bom livro na bolsa. Apaixonada por filmes, séries, música e por viajar. - See more at: http://intheskyblog.blogspot.com.br/p/sobre.html#sthash.OY3ZbdQT.dpuf