Resenha: Meio Rei, Joe Abercrombie

Por Elaine Moreira

Eu vou confessar para vocês que havia pensado em ler Meio Mundo primeiro, para depois falar de Meio Rei para vocês. Tudo junto em uma resenha só.
Mas de repente percebi que mal consigo resumir Meio Rei, quem dirá misturar com a sequência.
Pra início de história, pensa num livro bom. Multiplique. Ele foge dos estereótipos, foge da obviedade e nos entrega uma história que em mãos menos hábeis viraria uma saga de uns 12 livros. Bons, mas maçantes.

Meio Rei Mar Despedaçado # 1

Joe Abercrombie

Jurei vingar a morte do meu pai. Posso até ser meio homem, mas sou capaz de fazer um juramento por inteiro.
Filho caçula do rei Uthrik, Yarvi nasceu com a mão deformada e sempre foi considerado fraco pela família. Num mundo em que as leis são ditadas por pessoas de braço forte e coração frio, ser incapaz de brandir uma espada ou portar um escudo é o pior defeito de um homem.
Mas o que falta a Yarvi em força física lhe sobra em inteligência. Por isso ele estuda para ser ministro e, pelo resto da vida, curar e aconselhar. Ou pelo menos era o que ele pensava.
Certa noite, o jovem recebe a notícia de que o pai e o irmão mais velho foram assassinados e não lhe resta escolha a não ser assumir o trono. De uma hora para outra, ele precisa endurecer para vingar as duas mortes. E logo sua jornada o lança numa saga de crueldade e amargura, traição e cinismo, em que as decisões de Yarvi determinarão o destino do reino e de todo o povo.
Edição: 1
Editora: Arqueiro
ISBN: B01FDY311C
Ano: 2016
Páginas: 288
Tradutor: Alves Calado

Quem já leu muitos livros de aventura, deve se pegar às vezes lendo uma história e pensando “é claro que vai acontecer tal coisa”. E não é que não aconteça o tal fato, ele pode até acontecer, mas será logo nas páginas seguintes, abrindo novamente o leque de possibilidades para os próximos capítulos.
A narrativa é ágil e fácil de ser assimilada, em um rítimo frenético, cheio de reviravoltas e surpresas.
Traições, artimanhas, estratégias. Uma côrte cheia de intrigas.  Personagens muito reais, que erram mesmo, tomam decisões baseados em vingança e sede de poder. E isso é com todos, não apenas os meninos maus.
Para Joe Abercrombie ninguém está livre das tentações da tolice. Ninguém é unicamente bom e ninguém é unicamente mau. E isso é o que torna o livro mais interessante e inteligente. Pois nada é certo. Nada é garantido.  
A edição é muito bonita, a capa é linda, bem pensada e bem significativa para a história. O que me deixou bem curiosa com a capa de Meio Mundo que segue com a mesma identidade visual.

Sem dar muito spoiler, Yarvi é um principe que ninguém vê como tal. Ele é o irmão mais novo, o menos bonito, o menos promissor e o com menos membros, já que uma de suas mãos é defeituosa e por isso “não conta”.
Justamente por isso, Yarvi nem pensa no trono, o que ele quer é seguir uma carreira diferente, desprovida de desejos e riquezas. Mas (e essa é apenas a primeira reviravolta) ele logo se vê obrigado a assumir o trono, enquanto ainda vive o luto pela morte do pai e do irmão.
De repente todos os que zombavam dele e o ignoravam passam a admirá-lo e prometer lealdade.
É claro que essas promessas são vazias e movidas pelo interesse. O legal é que Yarvi não é um garoto deslumbrado. Não se deixa enganar.
E ele parte então com seus soldados para fazer vingança. Antes de ir, ele faz um juramento de que caçaria o assassino do pai e do irmão.
Começa aí então uma longa viagem, permeada por sofrimento, traição, medo, incertezas e muitos planos de vingança.
Super recomendado para quem gosta de aventura e drama. Não se engane, aqui não há donzelas em perigo, corações a serem conquistados ou casamentos e finais felizes. Se bem que entre uma reviravolta e outra, quem sabe...
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Elaine Moreira

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