L'illusionniste, 2010

06 julho 2011

Animação francesa, "O Mágico"é uma homenagem de Sylvain Chomet ao universo Jacques Tati.



Indicado ao Oscar de melhor animação, O Mágico (L'illusionniste), segundo longa do direitor de "As Bicicletas de Belleville (2003) é uma homenagem emocionada a Jacques Tati, diretor de obras-primas como Meu Tio (1958) e Playtime, Tempo de Diversão (1967).
O longa francês chega agora às locadoras. Nele, o cineasta Sylvain Chomet toma um trajeto sofisticado ao destacar o arcabouço de melancolia que sustenta as gags do mestre francês. O personagem principal, um ilusionista incapaz de se adaptar aos tempos modernos, representa a um só tempo a arte de Tati e o alter ego do autor, o estabanado Monsieur Hulot, que aparece em filmes como As Férias do Sr. Hulot, um dos principais filmes de Tati.

Chomet é um romântico. Em plena época em que as animações são feitas para atender à demanda do 3D, o realizador francês mantém o traço de seu desenho de maneira mais manual do que tecnológica. O longa tem um ritmo cadenciado e uma história melancólica, extraída do texto original de Jacques Tati. Nas enciclopédias de cinema, o francês Jacques Tati (1907-1982) geralmente aparece acompanhado de uma descrição muito precisa: mestre da comédia. No entanto, em obras-primas, o humor ingênuo do inesquecível Monsieur Hulot não ocultava um olhar melancólico para as transformações do mundo moderno. É essa nostalgia incurável, despertada por um sentimento dramático de inadequação, que reaparece na animação.

No filme, no final dos anos 1950 e com o boom do rock chegando à Europa, o veterano ilusionista Tatischeff perde terreno e é obrigado a se apresentar em lugares decadentes. É num pub escocês que ele conhece Alice, garota a quem presenteia com um par de sapatos. Encantada, ela decide acompanhá-lo em suas viagem a Edimburgo. Agora já em dificuldade pela escassez de público em seu trabalho, Tatischeff terá também a incumbência de sustentar a ambos, um trabalho que já nasce tão falido quanto seu ofício. O Mágico não tem diálogos, mas as falas inexistentes são preenchidas por clássicas tiradas cômicas de Tati. Ele escreveu o roteiro para uma filha, possivelmente fruto de um relacionamento com uma dançarina, a qual não pôde se dedicar. O Mágico celebra o legado do mestre. Um réquiem com os olhos cheios d’água.

(Texto retirado do Jornal de Santa Catarina - 04/07/2011)

Trailer de O Mágico:





Obras de Jacques Tati.

Meu Tio:






Playtime:






Nota:
Já assisti Playtime, tem anos. Jacques, certamente foi um mestre. Se você é como eu e gosta de um filme francês não pode deixar de ver os três longas.
E você aí que lê este post e achar o longa Meu Tio, me passa o link, please?

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