Cinema & Café: Livre/Wild

28 abril 2016

Por : Marina Landert

Livre (2014)

Ficha técnica
Diretor: Jean-Marc Vallée
Roteiro: Nick Hornby
Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Thomas Sadoski.
Sinopse: O filme conta a história de Cheryl Strayed, que em busca de se encontrar após um doloroso divórcio e a morte da mãe parte para uma trilha de 1.100 milhas da Pacific Crest Trail (trilha que se estende desde os Estados Unidos até a fronteira com o Canadá).
Olá gente, tudo bem?
No Cinema & Café de hoje trago Livre (2014), filme estrelado por Reese Witherspoon e Laura Dern, e que segue a tendência dos últimos anos em Hollywood de adaptações de livros para o cinema.

O filme, que tem como título original Wild, é adaptação da obra escrita por Cheryl Strayed intitulada de Wild: From Lost to Found on the Pacific Crest Trail (aqui traduzido como Livre: A Jornada de uma mulher em busca do recomeço), publicada inicialmente em 2012 e best-seller do New York Times. Livre retrata a história autobiográfica de Cheryl, que vê sua vida tomar um rumo autodestrutivo após a morte de sua mãe, e que culminou no fim de seu casamento. Sem saída e sem mais o que perder ela decide deixar Minneapolis para fazer uma trilha de mais de 1.000 milhas nos Estados Unidos, começando no Deserto de Mojave, no Sul da California, em busca de reencontrar um rumo para sua vida e para o que perdeu no caminho.
 Como toda adaptação de um livro, as comparações são quase inevitáveis e a expectativa sempre é muito grande. Pessoalmente, conheci o livro um pouco antes de seu lançamento aqui no Brasil, então na estreia do filme já havia finalizado a leitura. Assim, por mais que aqui a intenção é a crítica do filme, impossível não comparar as duas obras e acho que até complementa a visão sobre o filme.


Cheryl Strayed conta sua história em um livro de 369 páginas, dividido em cinco partes, narrando com uma extrema riqueza de detalhes seus momentos mais difíceis com sua mãe e seu casamento, as emoções que a colocaram na extensa trilha e todas as dificuldades que enfrenta, seja com a “Monstra” – apelido carinhoso de sua mochila, com a falta de experiência em acampar, com temperaturas adversas, convidados indesejados ou com diversos contratempos que aparecem em seu caminho. O livro não é uma leitura fácil e rápida, pois trata de muitas emoções e por mais que ele seja contado com suspense, humor e por vezes uma dose de sarcasmo e cinismo, não deixa de ser um drama muito detalhado. Assim, o desafio de adaptar para o cinema se tornou imenso, principalmente com o sucesso de histórias que seguiram o gênero como Na Natureza Selvagem e 127 Horas.
Livro publicado em 2012
Em março de 2012, após o sucesso do livro Wild, Reese Witherspoon anunciou que produziria e estrelaria o filme sobre a história de Cheryl Strayed através de sua produtora Pacific Standard – mais tarde a FOX e Nick Hornby (autor de Alta Fidelidade e roteirista de Educação) se juntaram ao projeto. Assim, desde o início Livre esteve extremamente ligado à atriz e isso é perceptível em sua interpretação e na conexão com a personagem, acertando na maioria das suas cenas, principalmente no tom e na emoção necessária.

Em Livre, o diretor Jean-Marc Vallée (Dallas Buyers Club) utiliza muito o recurso de flashbacks para mostrar a contraposição das memórias e ações do passado de Cheryl para seus sentimentos e em seu processo da busca por si mesma. Tal recurso também auxilia no ritmo do filme – naturalmente mais arrastado uma vez que o livro é narrado inteiramente em primeira pessoa.

Um dos principais acertos do filme, e também um grande alívio para quem gosta da obra original é não terem transformado a personagem de Reese Witherspoon em uma espécie de heroína, como vemos em muitos filmes de Hollywood. Aqui, o diretor opta por mostrar os principais erros de Cheryl que a levaram a chegar nesse momento, seu relacionamento com a mãe, a visão que tinha da vida, muitas vezes cercada de cinismo e sarcasmo e o relacionamento com o ex-marido. Ainda que em dose moderada, essa característica permanece e é um dos pontos cruciais no caminho: mostrar uma personagem, mas que é baseada numa autobiografia, ou seja, uma pessoa que cometeu erros e acertos e não algo idealizado. As belíssimas imagens da natureza, a trilha sonora e a atuação de Laura Dern como a mãe de Cheryl também são pontos positivos de Livre.
Claro que como toda adaptação, muitas mudanças ocorrem. Em Livre, entendo que muitas alterações aconteceram principalmente para corrigir ou aperfeiçoar o ritmo da narrativa para o gosto de Hollywood. Na primeira vez que li Livre, pensando em uma adaptação, imaginava algo próximo de Náufrago, onde temos Tom Hanks protagonizando quase todo o filme – o que não acontece aqui. A utilização recorrente dos Flashbacks em Livre quebra essa sensação. Outra mudança que vemos na adaptação para o filme é que a fragmentação entre passado e presente tira um pouco o foco do real argumento da história, a busca de Cheryl por si mesma, por se perdoar e superar o passado. Muitos detalhes importantes na trilha se perderam, personagens marcantes também sumiram e as dificuldades enfrentadas acabaram ficando em segundo plano. Se no livro a leitura por vezes se tornava difícil por tratar muitas emoções, angústias e situações difíceis, um pouco disso foi perdido na transição, especialmente ao tentar adaptar a Hollywood.
Assim, mesmo com algumas mudanças e altos e baixos, Livre é um belo e honesto filme que consegue mostrar com delicadeza as reviravoltas da vida de Cheryl para o bem e para o mal, aliado a um afiado elenco e a uma trilha sonora marcante. Super recomendo! Para os amantes de livros, também não deixem de conferir!
Até a próxima!
“Se a sua coragem negar-lhe – Vá além de sua coragem”
Emily Dickison
Sugestões para a próxima resenha, vote!

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Marina Landert
Sobre o Autor Marina Landert, ou Mari, como preferir. Jornalista viciada em uma boa história e que não vive sem um bom livro na bolsa. Apaixonada por filmes, séries, música e por viajar. - See more at: http://intheskyblog.blogspot.com.br/p/sobre.

24 comentários :

  1. Essa atriz me lembrou um pouco a atriz que faz a serie Orange is the new black ^^
    Já votei, escolhi Uma longa queda

    Beijokas da Mylloka
    http://myllokasecret.blogspot.com.br/

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  2. Realmente a Reese Witherspoon é parecida com ela.

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  3. Olá Marina!!!
    Ainda não tinha ouvido falar do livro e nem do filme.
    Quando adaptações são bem feitas e mesmo que haja mudanças você ainda consegue recomendá-las, então é aquele livro e filme que vale a pena mesmo.
    Gosto Reese como atriz e sei que ela se dedica aos seus trabalhos.
    Gostei de conhecer o livro e o filme, quem sabe eu assista qualquer dia desses =)

    lereliterario.blogspot.com

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  4. Adorei sua resenha Helana.
    Você conseguiu chamar a atenção tanto para a obra literária quanto para o filme.

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  5. Ooi! Eu não conhecia o filme e nem sua adaptação, mas achei bem interessante, porque mostra uma mulher em busca de si mesma. Vou ver se consigo assistir!
    Beeijos e parabéns pela crítica ;) e é verdade, não tem como não comparar com o livro hahaha

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  6. Adorei a sua resenha!!!! Agora eu preciso ler e assistir...e olha que eu não conhecia ....

    puxa, além disso adoro a atriz...

    obrigada pela dica!!!

    bjs

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  7. Oie, tudo certo?

    Lembro que no lançamento do filme foi muito comentado que era baseado em um livro. Depois da segunda sinopse, do livro, que li, perdi o interesse. Tive a nítida sensação de estar em frente ao novo Comer, Rezar e Amar... e confesso não gosto da Julia Roberts, então não vi o filme. Também não sou fã da Reese Witherspoon, acho que só assisti três filmes com ela. Sou cinéfila chata, daquele tipo que só assiste o filme se gosta do elenco. Ou se tiver que comentar o filme depois.

    Peguei implicância com jornadas pessoas depois de Um Homem Chamado Cavalo. Traumatizei, acho.

    Sua análise do livro e a comparação com o filme foi fantástica, gostei muito do que apresentou, mas continuo sem vontade de nenhum dos dois.

    Beijos,
    Bel Góes

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  8. Olá, quero muito conferir essa adaptação, assim como o livro. Parece ser uma ótima história.

    abraços

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  9. Ainda não assisti esse filme porque quero ler o livro primeiro. Mas nunca li uma resenha do livro e porque é autobiográfico, então acabava sempre empurrando ele para o final da fila. Mas como você gostou tanto do filme quanto do livro, eu já estou passando ele um pouco mais pra frente na fila.

    Bjs.

    www.ciadoleitor.com

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  10. Eu li pouco sobre essa história quando vi o lançamento do filme, mas pretendia assistir depois de um tempo. Mas agora fiquei bem mais interessada no livro do que no filme, porque parece ser bem mais emocionante.

    Beijos, Gabi Reino da Loucura - Participe do top comentarista de maio, serão dois ganhadores.

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  11. Olá!

    Não conhecia nem o livro nem o filme, mas eu o leria e veria por causa da Reese, adoro o trabalho dela, sou fã. Mas é assim mesmo, quando livros viram filmes sempre haverá cortes e comparações. Eu votei no Sete dias sem fim, por motivos de Jane Fonda :)

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  12. Oi..
    Eu já vi o filme, mas acredita que não sabia que tinha o livro?
    Ai Deus! E agora? Sempre gosto de ler o livro antes.
    bjs

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  13. Oie Marina!
    Eu adoro a Reese e fiquei interessada nesse filme assim que saiu, mas sabe que esqueci completamente dele depois de um tempo?! Não sabia que tinha um livro do filme, mas pelo que você disse, não sei se me interessaria em lê-lo.
    Votei em sete dias sem fim para a sua proxima resenha!
    Beijos

    LuMartinho | Face

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  14. Olá, tudo bem.

    Sou apaixonada por cinema e adoro receber dica de filmes. Ainda não conhecia este, mas achei a premissa interessante e gosto desta atriz. Também não conhecia o livro. Mas fiquei mais curiosa pelo filme que já anotei a dica aqui.

    beijos
    http://chalecult.blogspot.com.br/

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  15. Ola Marina lindona eu ainda não assisti o filme, somente pela atriz o filme já vale a pena, adoro sua atuação. Ainda não li o livro, mas sempre perdemos algo importante nas adaptações. Dica mais que anotada para assistir no fds. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  16. Marina, gosto muito da Reese e só por isso daria uma chance para o filme.
    Não é muito meu tipo de filme, mas daria uma chance.
    Dica anotada.

    Lisossomos

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  17. Oiii Marina, tudo bem?
    Sou completamente apaixonada por essa atriz e acredito que seria um ponto positivo de início, já em relação ao filme realmente despertou meu interesse, faz tempo que não assisto algo tão diferente referente a esse tema abordado.
    Beijinhos

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  18. Oie
    Muito legal sua resenha, eu sempre tive curiosidade no livro e no filme, acho super legal o tema e quero muito um dia fazer isso que a personagem fez haha

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  19. Olá Marina... nossa eu to chocada pelo fato de eu não conhecer esse filme e pra falar a verdade, nem o livro.
    Adorei a sua resenha... e eu me interessei muito pelo filme.

    beijos
    Mayara
    Livros & Tal

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  20. Gente, uma trilha de mais de 1000 milhas? o.O Cada um tem seu jeito de se reencontrar, né? Que bom que ficou tão marcante a conexão da atriz com a personagem, mas embora boas interpretações me atraiam não fiquei com vontade de ver, nem de ler o livro que eu também não conhecia.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  21. Oii,

    Confesso que estou bem curiosa em ver esse filme, pois parece ser bem interessante.
    Gostei da resenha, parabéns!!

    beijos

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  22. Oi Helena, mulher eu não conhecia o livro e nem o filme, nossa e ela parece ser muito interessante. Você fez uma resenha que conquista o leitor e quero primeiro ler o livro para depois assistir ao filme até gosto demais das intepretações de Reese Witherspoon eu a acho fenomenal.

    Ah! Já votei na enquete.

    Bjo
    Tânia Bueno
    Faces da Leitura

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  23. Queria ter mais espaço na minha lista de leituras para ler biografias. Tem tantas tão interessantes - como o caso de Livre - que eu tenho pena de não dar tanta atenção para elas. Embora conheça a história do livro, ainda não li - e como não gosto muito da Reese nem fiz muita questão de ver o filme. Só que cada vez que leio algo sobre, fico curiosa e achando que seria uma ótima dica...
    Beijinhos,
    Lica

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  24. Oi Marina, sua linda, tudo bem?
    Não tem jeito, as linguagens do cinema e de um livro são diferentes, por isso é tão difícil encontrarmos um filme fiel ao livro. Mas mesmo assim, se o filme ainda é bom e conseguiu passar a mensagem que é o mais importante, vou anotar a dica. Gostei muito da sua resenha.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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