Cinema e Café: Simplesmente Acontece.

Por : Marina Landert

Simplesmente Acontece

Ficha técnica
Diretor: Christian Ditter
Roteiro: Juliette Towhidi
Elenco: Lily Collins, Sam Claflin, Suki Waterhouse.
Sinopse: O filme conta a história da amizade e de encontros e desencontros entre Rosie (Lily Collins) e Alex (Sam Claflin).

Olá gente, tudo bem?
Desde o início dos anos 1990, o cinema britânico tem sido conhecido por trazer boas comédias românticas e algumas inovações para o gênero, que teve marco filmes como Quatro Casamentos e Um funeral, Um Lugar Chamado Notting Hill, O Diário de Bridget Jones e Simplesmente Amor. Simplesmente acontece (2014), filme do Cinema & Café de hoje, tenta mesclar um pouco desse frescor das comédias britânicas com o fator clichê presente em algumas adaptações românticas literárias para o cinema como P.S. Eu te amo (Cecelia Ahern), Cartas para Julieta (Lise Friedman), Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (Sophie Kinsella), Um Dia (David Nicholls) e O Noivo da Minha Melhor Amiga (Emily Giffin). Todas as adaptações mencionadas foram sucessos em suas obras literárias, mas seus filmes não alcançaram o mesmo êxito, tanto em crítica, como em bilheteria. Apesar da rejeição, tais adaptações de chick-lits (literatura feminina) aparentemente ainda conquistam um espaço cativo para os fãs das obras, uma vez que o cinema continuará apostando em adaptações. Exemplo disso é que em 2016 já tivemos a estreia de mais um filme baseado em uma obra de Nicholas Sparks, A Escolha e em junho teremos o lançamento de Como eu era antes de você (Jojo Moyes). 

 

Simplesmente Acontece (em inglês Love, Rosie), filme adaptado da obra literária de Cecelia Ahern Where Rainbows End – no Brasil traduzido como Simplesmente Acontece – conta a história Rosie (Lily Collins) e Alex (Sam Claflin), que são amigos inseparáveis desde a infância e que cresceram dividindo quase tudo. No entanto, tudo muda quando Alex resolve aceitar uma bolsa de estudos nos Estados Unidos e os dois têm que encarar como escolhas difíceis podem modificar o relacionamento e o sentimento que muitas vezes não querem reconhecer.

 Simplesmente Acontece, assim como as demais adaptações mencionadas anteriormente, é um filme onde tudo acaba pendendo um pouco para o clichê e os fatos transcorrem como o esperado. Baseado em uma obra de uma autora famosa por seus romances um tanto quanto melosos e principalmente centrados em uma figura feminina que muitas vezes tem que dar a volta por cima, o filme não poderia sair muito das características da autora. Ainda assim, tirando o fato de ser um pouquinho água com açúcar e por vezes um pouco previsível, Simplesmente Acontece é um filme agradável, bonitinho e que supera alguns problemas do livro. Mas primeiro vamos aos detalhes.

 
O filme é dirigido pelo alemão Christian Ditter, mais conhecido por curta-metragens e filmes alemães, que acerta ao optar por uma narrativa linear e sem recorrer ao uso de flashbacks que por vezes pode incomodar nesse tipo de filme. Outro ponto positivo é o casal de protagonistas, interpretado por Lily Collins, que acrescenta o carisma que o papel necessita e Sam Claflin, o novo queridinho das adaptações (Branca de Neve e o Caçador, Jogos Vorazes e Como eu era antes de você). 
 
Diferentemente do livro, onde a história é narrada através de cartas e mensagens entre Rosie e Alex e alguns dos demais personagens, no filme a história se inicia contando a amizade dos dois desde crianças, e um dos pontos cruciais no relacionamento, mostrando que apesar de amigos, eles nutrem um sentimento maior e que nem mesmo a distância, namorados e namoradas e alguns empecilhos colocados pelo destino conseguirão afastá-los. O interessante é que como o filme trata desde o início esse encontro, também mostra as mudanças que acontecem com cada um no caminho e que os separam por momentos da vida, ainda que para causar uma reaproximação no futuro. Por vezes parece que a roteirista do filme tem um prazer sádico em colocar situações e problemas no caminho para postergar a felicidade do casal (um dos motivos pelo qual não consegui completar a leitura do livro). Aqui, por se tratar de um filme de 102 minutos essa característica é bem mais sutil e não chega a enlouquecer nenhum dos torcedores do casal. A passagem de tempo ocorre de uma forma um tanto quanto rápida para acomodar os acontecimentos do filme, mas em minha opinião não compromete o andamento da obra. 

A fotografia é um dos pontos altos, com belíssimas imagens do pôr e nascer do sol, que exacerbam o tom romântico, juntamente com uma trilha sonora folk e agradável, característica presente nas comédias românticas britânicas. Os personagens secundários também agregam humor e leveza à trama, lembrando em algumas cenas o filme Notting Hill e em outras Um Dia – que também se passam na Inglaterra.

Outra característica que percebemos em Simplesmente Acontece é o foco no personagem feminino de Rosie, em suas decisões, suas crenças na família e sua visão da vida, que por vezes ditam os acontecimentos do filme. Importante notar que ao contrário do que vemos hoje no cinema onde muitas vezes são retratados diferentes tipos de famílias, aqui a crença é nos valores da família tradicional, que tem um peso maior sobre os desejos e a felicidade dos personagens. 
 
Assim, entre acontecimentos esperados, risadas e lágrimas, Simplesmente Acontece é um filme bonitinho, agradável e leve, composto por um elenco que soube transmitir a conexão necessária dos personagens. Apesar de não ser uma fã do livro, acredito que o filme acertou em cheio na adaptação e agrada aos adoradores do gênero. Perfeito para aquelas tardes preguiçosas, sem muitas pretensões ou expectativas. 
 
Trailer de Simplesmente Acontece: Bom filme e até a próxima!
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Marina Landert

Marina Landert, ou Mari, como preferir. Jornalista viciada em uma boa história e que não vive sem um bom livro na bolsa. Apaixonada por filmes, séries, música e por viajar. - See more at: http://intheskyblog.blogspot.com.br/p/sobre.